O papel das Funções Cognitivas em Praxeologias de Tipos de Tarefas Matemáticas
DOI:
https://doi.org/10.17921/2176-5634.2020v13n3p321-328Resumo
Resumo
O objetivo principal deste trabalho é descrever uma análise sobre como as funções cognitivas atuam diretamente em organizações praxeológicas relativas a tipos de tarefas trigonométricas, relevando a complexidade neurocognitiva para realização das mesmas. A metodologia considerou uma pesquisa bibliográfica, ressaltando-se a importância de aproximar elementos da Teoria Antropológica do Didático (TAD) e da Neurociência Cognitiva. Foi verificado que para a realização de tipos de tarefas matemáticas, no campo da Trigonometria, cuja organização praxeológica esteja bem definida é possível atribuí-las aos estudantes como um convite ao desafio e, de forma gradativa, respeitando-se as condições da neurofisiologia do cérebro. Desse modo, possíveis dificuldades de estudantes frente um determinado saber matemático, pode ser atribuído ao tipo de tarefa proposta. O estudo de algumas funções cognitivas corrobora de certo modo com o estudo dessas dificuldades. Permite inclusive, compreender as implicações da falta de sentido das matemáticas escolares na vida do sujeito. Outro ponto importante a ser destacado remete à necessidade dos cursos de formação de professores de matemática oportunizar aos licenciandos conhecimentos de neurociência cognitiva, pois quanto mais se sabe sobre o funcionamento do cérebro, melhor será a escolha dos tipos de tarefas matemáticas para apresentá-las tanto nas salas de aulas, como nos livros didáticos.
Palavras-chave: Funções Cognitivas. Praxelogias. Tipos de Tarefas Matemáticas.
Abstract
The main objective of this work is to describe an analysis of how cognitive functions act directly in praxeological organizations related to types of trigonometric tasks, emphasizing the neurocognitive complexity to perform them. The methodology considered a bibliographical research, highlighting the importance of approaching elements of the Didactic Anthropological Theory and Cognitive Neuroscience. It was verified that for the accomplishment of types of mathematical tasks, in the field of Trigonometry, whose praxeological organization is well defined, it is possible to attribute them to the students as an invitation to the challenge and, in a gradual way, respecting the conditions of the neurophysiology of the brain. Thus, possible difficulties of students in the face of certain mathematical knowledge, can be attributed to the type of task proposed. The study of some cognitive functions corroborates in a way with the study of these difficulties. It even allows us to understand the implications of the lack of meaning of school mathematics in people's lives. Another important point to be highlighted is the need for training courses for mathematics teachers to give graduates the knowledge of cognitive neuroscience, since the more we know about brain functioning, the better the choice of the types of mathematical tasks to present them in classrooms, as in textbooks.
Keywords: Cognitive Functions. Praxeologies. Types of Math Tasks.
Referências
Andrade, R. C. D. & Guerra, R. B. (2014). Tarefa fundamental em um percurso de estudo e pesquisa: um caso de estudo para o ensino da Geometria Analítica. Educ. Matem. Pesq., São Paulo, 16(4), 1201-1226.
Barbosa E. J. T. & Brito Lima, A. P. A. (2015). O que os programas de ensino brasileiro preconizam sobre equações do primeiro? Uma análise à luz da Teoria Antropológica do Didático. In: Anais do XIV CIAEM-IACME, Chiapas, México, pp.1-12. Disponível em: http://xiv.ciaem-redumate.org/index.php/xiv_ciaem/xiv_ciaem/paper/viewFile/751/326. Acesso em 15 mar. 2019.
Brasil. (2017). Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC.
Casas, A. M. (1988). Dificultades en el aprendizaje de la lectura, escrita y cálculo. Valencia: Promolibro.
Chevallard, Y. (1998). Analyse des pratiques enseignantes et didactique des mathématiques: l’approche anthropologique. Cours donné à l’université d’été Analyse des pratiques enseignantes et didactique des mathématiques, La Rochelle, 4-11 juillet 1998; paru dans les actes de cette université d’été, IREM de ClermontFerrand, p. 91-120.
Chevallard, Y. (2009). Approche Anthropologique du Rapport au Savoir et Didactique des Mathematics. Recherches en Didactique des Mathématiques, 12(1), 1-8.
Chevallard, Y. (1992). Concepts fondamentaux de la didactique: perspectives apportées par une approche anthropologique . Recherches en didactique des mathématiques, Grenoble: La Pensée Sauvage.
Chevallard, Y. (1999). L’analyse des pratiques enseignantes en Théorie Anthropologie Didactique. Recherches en Didactiques des Mathématiques, pp. 221-266.
Chevallard, Y. (2007). Le développement actuel de la TAD : pistes et jalons. Notes pour un exposé donné le 6 juin 2007 au Séminaire DIDIREM (Université Paris 7).
Chevallard, Y. (2002a). Organiser l’étude: 1. Structures & fonctions: Actes XIe école d’été de didactique des mathématiques. Grenoble: La Pensée Sauvage.
Chevallard, Y. (2002b). Organiser l’étude: 3. Ecologie & regulation: Actes XIe école d’été de didactique des mathématiques. Grenoble: La Pensée Sauvage.
Chevallard, Y. (1994). Ostensifs et non-ostensifs dans l’activité mathématique. Séminaire de l’Associazione Mathesis, Turin, 3 février 1994, in Actes du Séminaire 1993-1994, 190-200.
Chevallard, Y (2003). Rapport au savoir et didactiques. Paris: Éditions Fabert.
Cruz, V. (2009). Dificuldades de aprendizagem específicas. Lisboa: Lidel.
Farias, L. M. S; Carvalho, E. F.; Teixeira, B. F. (2018). O trabalho com funções à luz da incompletude do trabalho institucional: uma análise teórica. Educ. Matem. Pesq., São Paulo, 20(3), 97-119.
Fiorentini, D. & Lorenzato, S. (2006). Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas: Autores associados.
Fonseca, C. et al. (2010). Los REI en la creacion de secuencias de enseñanzay aprendizaje. In: anais do III International Conferenceonthe Anthropological Theoryofthe Didactic. Catalunya, Spain. pp. 247- 256.
Fonseca, L. et al. (2017). Uma ecologia dos mecanismos atencionais fundados na neurociência cognitiva para o ensino de matemática no século XXI. Caminhos da Educação Matemática em Revista/Impressa, 10(1), 19-30.
Fonseca, L. S. (2008). Ensaios de Educação Matemática no Ensino Médio. Aracaju: Info Graphics.
Fonseca, L. S. (2015). Um estudo sobre o Ensino de Funções Trigonométricas no Ensino Médio e no Ensino Superior no Brasil e França. 1v. 495p. Tese de Doutorado. Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo (SP).
Fonseca, V. (1999). Insucesso escolar: abordagem psicopedagógica das dificuldades de aprendizagem. Lisboa: Âncora.
Gazzaniga, M. S. et al. (2006). Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Porto Alegre: Artmed.
Izquierdo, I. (2011). Memória. Porto Alegre: Artmed.
Kandel, E. et al. (1991). Principles of Neural Science. Nova York: McGraw-Hill.
Klein, M. E. Z & Costa, S. S. C. da. (2011). Investigando as Concepções Prévias dos Alunos do Segundo Ano do Ensino Médio e seus Desempenhos em alguns Conceitos do Campo Conceitual da Trigonometria. Bolema, Rio Claro (SP), 24(38), 43-73.
Ledoux, J. (2001). O cérebro emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva.
Lent, R. (2002). Cem bilhões de neurônios. Rio de Janeiro: Atheneu.
Lent, R. (2002). Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
Leontiev, A. N. (1978). O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte.
Maia, V. (2010). Funções neuropsicológicas e desempenho matemático: um estudo com crianças da 2ª série. Dissertação (mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Maslow, A. H. (1968). Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado.
Myklebust, H. (1965). Development and disorders of written language. New York: Grune & Sratton.
Piaget, J. & Inhelder, B. (1995). A psicologia da criança. Porto: Edições Asa.
Pillon, J. (2008). Neurosciences Cognitives et Conscience: comprendre les propositions des neuroscientifiques et des philosophes. Lyon: Chronique Sociale.
Posner, M. I. & Petersen, S. E. (1990). The attention system of the human brain. In: Annu Rev Neurosci, 13, p. 25-42.
Redolar Ripoll, D. (2014). Neurociência Cognitiva. Editorial Médica Panamericana: Madrid.
Silva, K. S. (2018). A neurociência cognitiva como base da aprendizagem de geometria molecular: um estudo sobre atributos do funcionamento cerebral relacionados à memória de longo prazo. 200p. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
Silva, L. P. (2019). Um estudo da Atenção Seletiva na aprendizagem das Funções Trigonométricas: etiologias e tipologias de erros na perspectiva da Neurociência Cognitiva. 215p. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
Trigueros, M., Bosch, M., Gascón, J. (2010). Tres Modalidades de diálogo entre APOS y TAD. In: Bosch, M., Gascón, J., Ruiz Olarría, A., Artaud, M., Bronner, A., Chevallard, Y., Cirade, G., Ladage, C. & Larguier, M. (Eds.), Un panorama de la TAD, p. 77-116, III Congreso Internacional sobre la TAD, Sant Hilari Sacalm.
Willingham, D. T. (2011). Por que os alunos não gostam da escola? Reposta da ciência cognitiva para tornar a sala de aula atrativa e efetiva. Porto Alegre: Artmed.