Abrindo uma Caixa-Preta: as Tecnologias Digitais como Atores Protagonistas no Ensino de Matemática
DOI:
https://doi.org/10.17921/2176-5634.2024v17n1p40-48Resumo
Este texto consiste em um ensaio que busca problematizar o papel de simples ferramentas comumente atribuído às materialidades, mais especificamente às tecnologias digitais de informação e comunicação no contexto de práticas de ensino de Matemática. A partir de contribuições conceituais da Teoria Ator-Rede, sobretudo de Bruno Latour, filósofo e sociólogo francês, argumenta-se que não é suficiente reconhecer essas materialidades como elementos importantes nos processos de ensinar e aprender Matemática, pois é possível recusarmos a vê-las como meros coadjuvantes contextuais e passarmos a vê-las como agentes dinâmicos e partícipes na produção contínua do conhecimento matemático. Essa é uma postura intelectual que se encontra fundamentada em pressupostos epistemológicos do movimento neomaterialista e é apontada aqui como um dos alicerces daquilo que denominamos de práticas matemáticas simétricas, no sentido da formação de redes sociotécnicas integradas por atores humanos e não-humanos posicionados em um mesmo plano ontológico e imbricados em atividades de ensino de Matemática. Buscamos refletir sobre como, desde os antigos livros impressos em tipografias, aos mais sofisticados recursos tecnológicos digitais disponíveis atualmente, sempre houve um igual protagonismo dos materiais nos processos educativos. Ao contrário do que possa parecer, isso não significa privilegiar o não-humano em detrimento do humano, mas reconhecer que ambos estão, necessariamente, interconectados nos processos de ensinar e aprender Matemática.
Palavras-chave: Tecnologias Digitais. Ensino de Matemática. Práticas Matemáticas Simétricas. Teoria Ator-Rede
Abstract
This text is an essay that seeks to problematize the role of simple tools commonly attributed to materialities, more specifically digital information and communication technologies in the context of mathematics teaching practices. Based on conceptual contributions from Actor-Network Theory, especially from Bruno Latour, a French philosopher and sociologist, it is argued that it is not enough to recognize these materialities as important elements in the processes of teaching and learning Mathematics, as it is possible to refuse to see them as mere contextual supporting actors and to start to see them as dynamic agents and participants in the continuous production of mathematical knowledge. This is an intellectual stance that is based on epistemological assumptions of the neomaterialist movement and is pointed out here as one of the foundations of what we call symmetric mathematical practices, in the sense of the formation of sociotechnical networks integrated by human and non-human actors positioned on the same ontological plane and embedded in mathematics teaching activities. We seek to reflect on how, from the ancient printed books in printing presses to the most sophisticated digital technological resources available today, there has always been an equal protagonism of materials in educational processes. Contrary to what it may seem, this does not mean to privilege the non-human over the human, but to recognize that both are necessarily interconnected in the processes of teaching and learning Mathematics.
Keywords: Digital Technologies. Mathematics Teaching. Symmetric Math Practices. Actor-Network Theory