Compreensões Probabilísticas de Crianças Brasileiras e Portuguesas Acerca de Justiça em Jogos
DOI:
https://doi.org/10.17921/2176-5634.2021v14n1p02-13Resumo
Resumo
Frequentes dificuldades na compreensão probabilística exigem que se identifiquem crenças intuitivas das crianças para apoiar a promoção pedagógica dessas aprendizagens. O presente estudo versa analisar as compreensões de crianças brasileiras e portuguesas acerca de justiça em jogos, considerando demandas cognitivas da probabilidade referentes à aleatoriedade, ao espaço amostral e à comparação de probabilidades. A pesquisa envolveu a análise de seis jogos e foi realizada por meio de uma entrevista clínica com 15 crianças brasileiras e 15 portuguesas, com média de idade de 11 anos. Os resultados revelam que as crianças apresentaram facilidade em avaliar um jogo injusto quando envolvia aleatorizadores viciados e em perceber a justiça num jogo cujas regras mantinham equilíbrio, permitindo que houvesse chances iguais para os jogadores. No entanto, observou-se que apresentaram incompreensões acerca da independência de eventos, conduzindo a avaliações equivocadas sobre a justiça em jogos. Nenhuma criança conseguiu apresentar justificativa coerente quando necessário comparar probabilidades considerando eventos de espaços amostrais distintos. Também não conseguiram utilizar o raciocínio proporcional, e, portanto, não avaliaram corretamente a justiça nesses jogos. Finalmente, os resultados não apontam para diferenças substanciais nas compreensões dos dois grupos estudados. Só em termos de linguagem, as expressões mais utilizadas nas justificativas por ambos os grupos foi ‘chance’, mas as crianças brasileiras usaram mais a ‘sorte’ e as portuguesas os termos ‘possibilidade’ e ‘probabilidade’. Estes resultados implicam a necessidade de viabilizar ações pedagógicas interventivas realizadas com o apoio de jogos que se configuram num importante recurso para o redimensionamento das aprendizagens probabilísticas.
Palavras-chave: Aleatoriedade. Espaço Amostral. Comparação de Probabilidades. Justiça em Jogos. Crianças.
Abstract
Frequent difficulties in probabilistic understanding require the identification of children's intuitive beliefs to support the pedagogical promotion of these learnings. The present study focuses on analyzing Brazilian and Portuguese children understandings about fairness in games, considering cognitive demands of probability regarding randomness, sample space and comparison of probabilities. The research involved the analysis of six games and was carried out through a clinical interview with 15 Brazilian and 15 Portuguese children, with an average age of 11 years. The results reveal that the children were able to evaluate an unfair game when it involved addicted randomizers and to perceive justice in a game whose rules maintained balance, allowing the players to have equal chances. However, it was observed that they presented misunderstandings about the independence of events, leading to mistaken assessments of fairness in games. No child was able to present a coherent justification when there was a need to compare probabilities considering events from different sample spaces. They were also unable to use proportional reasoning, and therefore did not correctly assess justice in these games. Finally, the results do not point to substantial differences in the understandings of the two groups studied. Only in the language, the most used expressions in the justifications by both groups was ‘chance’, although Brazilian children used more ‘luck’ and Portuguese used ‘possibility’ and ‘probability’. These results imply the need to make feasible interventional pedagogical actions carried out with the support of games which are an important resource for the resizing of probabilistic learning.
Keywords: Randomness. Sample Space. Comparison of Probabilities. Fairness in Games. Children.